a boa notícia:
a nossa jornada de luta, como esperado, está a ser um enorme sucesso.
a má notícia:
amanhã volta a ser 25 de Novembro.
O Tomás Vasques toca no nervo. Depois do circo do Freeport, depois dos canudos, casas e casinhas, da peregrina asfixia democrática, das inventonas de belém e da mais peregrina conspiração contra o estado de direito, a nossa direita doméstica encontrou a última chave para ir à caixa dos biscoitos: já não disfarça o desejo miudinho por estender a passadeira vermelha à entrada do FMI, tão breve quanto possível.
Então agora, que até lá está o Borges - como alguém disse, com a vénia devida, aquele senhor alemão que nada tem que ver com a política nacional - é juntar a fome à vontade de comer. O melhor dos mundos: descobria-se um padrasto severo para aplicar, por nós, a austeridade que nenhum governo de direita mostrou ter cojones [como diria o senhor Raposo] para impôr, arranjava-se o pretexto ideal para forçar eleições antecipadas [uma vez que até já cá estava o FMI, havia que clarificar, bem entendido] e responsabilizava-se o Sócrates por ter sido necessário chamar o lobo mau. O programa eleitoral perfeito, o país para depois, que a tropa ainda tinha que escolher a gravata e o gabinete.
Uma nota: as cabecitas monocromáticas querem fazer-nos crer que a instabilidade dos mercados internacionais reflecte apenas, ou principalmente, o que os preclaros andam a repetir desde 2005. Rezando e carpindo, que este Sócrates não é gente de confiança, e agora sim, atenderam-nos as preces e viram a luz. Não fora a comicidade da conta em que se têm e seria apenas trágico que, na exacta medida em que os tempos que vivemos se revelam mais difíceis e complexos, a capacidade de entendimento se conforme por mais exígua.
Há, no entanto, uma mensagem que é passada - e também lá para fora: à primeira oportunidade, vão provocar uma crise política, com eleições e novo governo, seja ele qual for, em plena execução do orçamento mais importante e exigente dos últimos 25 anos. Get it?
Eles já se vão aventurando, timidamente, no branqueamento da trupe do BPN.
A história conta-se assim: se a administração da instituição, com a credibilidade que esta fez por merecer, tinha um plano e esse plano afirmava que tudo ia bem, obrigado, e que com um pequeno empréstimozinho voltaria a prosperar, robusta e viçosa, nós devemos acreditar. Afinal, promessas de rendimento elevado era a especialidade da casa.
Que o dito plano tivesse a forte probabilidade de ser uma construção fantasiosa, como se pôde constatar pelo enorme buraco descoberto, ou que resultasse num efeito de contágio irreversível, e de correspondente alarme social, sobre o sistema bancário e financeiro nacional, isso era um aventureirismo que logo se veria. O importante era salvar a face.
Pelo andor, ainda vamos assistir à despudorada imputação de responsabilidade ao Estado, pelo colossal buraco [e possivelmente, uma colossal fraude] no mais emblemático empreendimento a que o baronato da nossa direita emprestou a sua marca, política e financeira.
"O INE anunciou hoje a revisão em alta, em 0,1% do PIB, do crescimento da economia portuguesa no primeiro trimestre do ano. De acordo com fonte judicial, o primeiro-ministro Pedro Passos Coelho, em prisão preventiva desde a passada sexta-feira na sequência da divulgação das últimas estimativas da OCDE, poderá ser libertado ainda esta semana. No entanto, acrescenta a mesma fonte, qualquer decisão deverá aguardar pelas estimativas do boletim de primavera do Banco de Portugal, a divulgar nos próximos dias"
andré salgado
miguel cabrita
paula mascarenhas
correio.da.vida@gmail.com
vitor gaspar; schauble; conversa privada