Se eu bem percebi, o resultado e os custos da mega-fraude operada pela gestão do seu antigo secretário de estado e financiador da sua última candidatura, são agora responsabilidade da incompetência e falta de profissionalismo do seu antigo ministro e membro da comissão de honra da sua actual candidatura.
Vindo de quem vem, está certo.
Bom 2011.
"Azar, azar, azar: este Estado Social, este modelo socialista criou pobreza. Ela está aí. O Estado de Soares, de Cavaco [nota de época: santo natal, a confusão que vai nessa cabeça...] e de Sócrates não diminuiu a pobreza. Pelo contrário, ela está a aumentar*. E este aumento deve-se, em exclusivo, ao modelo socialista que temos. O tal "neoliberalismo", que não existe em Portugal, não pode ser a causa dessa pobreza. Porque lá está: não existe em Portugal"
- Henrique Raposo, aqui.
A infantilização da linguagem é um estilo. A infantilização do raciocínio é outra porcelana. E pode presentear-nos com conclusões surpreendentes: a par do tal "neoliberalismo", também um modelo comunista, por exemplo, não pode ser a causa dessa pobreza. Porque lá está: não existe em Portugal.
Estuda, Raposo.
*Estuda mais, Raposo.
"A esquerda só consegue pensar numa base anti-qualquer coisa. Há uns anos, a moda era o anti-americanismo. Há sempre o anti-Israel. E agora a moda é o anti-Alemanha. O anti-UE será a próxima moda primavera-verão. Eu gostava de ser assim. Juro. Não tinha tanto trabalho"
- Henrique Raposo, conhecido opinador anti-estado social europeu, capelinha que tem norteado a sua fulgurante carreira, aqui.
"Desliguei-me da política e renovei a minha carteira de jornalista, a minha profissão desde 1991. Os meus direitos como pessoa e como jornalista - desde logo, de perguntar seja o que for a seja quem for - e o primeiro-ministro não é intocável, como os corporativos parecem pensar - não podem ser postos em causa em função das minhas antigas ou actuais opções políticas. Ou será que eles julgam que podem?"
- Paulo Pinto Mascarenhas, jornalista interessado em saber o que o wikileaks lhe poderia contar sobre Sócrates, apagando depois o seu tweet de contacto, aqui.
Não, Paulo, os seus direitos como pessoa [?] e como jornalista não são, nem podem ser - evidentemente - postos em causa. Pergunta o que muito bem entende, a quem muito bem entende, sobre quem muito bem entende. Que sinta necessidade de apagar o rasto às suas perguntas, isso é um constrangimento que só lhe diz respeito a si. O que pode, evidentemente, e como qualquer pessoa, é ser publicamente escrutinável, em nome de algo tão simples como a mais elementar e saudável transparência, para que fiquemos - todos nós e os seus leitores em particular - esclarecidos sobre as motivações políticas do trabalho jornalístico da nossa praça. Ganhamos todos. Principalmente os seus leitores, que poderão, com peso e medida, avaliar cada uma das suas curiosas palavras: "desliguei-me da política".
andré salgado
miguel cabrita
paula mascarenhas
correio.da.vida@gmail.com
vitor gaspar; schauble; conversa privada