No meio do período de festas (prolongado), passou quase despercebida a entrevista de Paulo Rangel ao Expresso. Mas não devia.
Além de ser mais uma voz a apontar o "quase nada" que foi triunfalmente apresentado após a cimeira europeia de 9 de Dezembro, bem como os perigos do conteúdo real do que dela saiu (como a judicialização do controle dos défices e a possibilidade de "queixas" de um Estado contra outro), Rangel lançou um remoque a Portas, mas sobretudo criticou a política europeia de Passos Coelho.
Ao falar do "tropismo tropical" da política externa do Governo, Rangel disse só isto sobre a "armadilha da dívida leprosa" e a "estratégia" (?) seguida pelo governo português de colagem à Alemanha ao invés de a outros países (como a própria Espanha ou Itália):
"É lamentável que não se tivesse conversado com estes Estados [periféricos e/ou de dimensão semelhante e/ou em dificuldades], tentando encontrar posições comuns aceitáveis pelos outros. Não quer dizer que houvesse soluções milagrosas, mas nem sequer se tentou, porque não se quis".
Não há, de facto, soluções milagrosas. Mas que se tenha capitulado de procurar qualquer solução que defendesse o interesse de Portugal é que é mais incompreensível. Aparentemente - e ainda bem - também no próprio PSD.
andré salgado
miguel cabrita
paula mascarenhas
correio.da.vida@gmail.com
vitor gaspar; schauble; conversa privada