Não deixa de ser irónico que o ministro que mais defendeu a ideia de que Portugal não era a Grécia, se tenha tornado ele próprio na pequena Grécia do governo.
A questão agora é saber se será possível preparar a sua saída ordenada ou se esta poderá implicar consequências imprevisíveis: o memorando sugeria um chefe das finanças com mão de ferro e cabeça de BCE, mas não obrigava a um governo construído na areia.
Nos tempos que passaram, telefonemas (que provavelmente não deveriam acontecer) feitos diretamente a jornalistas eram, só por terem sido feitos, sinais intoleráveis de uma asfixia democrática. Como o eram os "casos" Moura Guedes, Crespo, Tavares.
Nos tempos que correm, telefonemas (que de certeza não deveriam acontecer) feitos diretamente a jornalistas para ameaçar fazer um blackout do governo inteiro a um órgão de comunicação social e, com mais ou menos subtilezas, revelar detalhes da vida privada de uma jornalista transformaram-se em beliscões.
Não há dúvida, efeitos da troika ou quaisquer outros, hoje em dia respira-se muito melhor em Portugal.
Nas últimas semanas, a imprensa desportiva e os comentaristas, especialmente os afetos ao Porto, são pródigos em atribuir "à estrutura" o título conseguido pelo "fê-quê-pê". A estrutura, a estrutura, a estrutura.
Pelo menos desde Althusser, já lá vão umas décadas, que nem os sociólogos se atrevem a atribuir tamanho poder explicativo a uma qualquer estrutura. E esta deve ser tão forte, tão forte que até os treinadores fazem caminhadas a Fátima para lhe agradecer. Abençoada.
Miguel Relvas acusado de ameaçar a jornalista do Público Maria José Oliveira com a divulgação de dados pessoais na internet.
Ministro dos Assuntos Parlamentares explica no parlamento as suas relações e interacções com o ex-espião Silva Carvalho.
Ex-espião Silva Carvalho acusado pelo Ministério Público de acesso ilegítimo a dados pessoais do jornalista do Público Nuno Simas.
Também se fazem desenhos.
O que não se diria se fosse em Portugal: o novo selecionador inglês convoca para o Europeu um jogador por causa de um sonho que terá tido.
O desemprego atinge 15,3. Os que ainda o têm, empobrecem. Uma promoção de um grande retalhista leva milhares a limpar as prateleiras dos supermercados, com alguns distúrbios pelo meio, num cenário a fazer lembrar os saques num país do terceiro mundo. Alguma direita engraçadinha compara o acontecimento aos saldos do Harrods. Não se trata de obter o casaco ou a mala Chloé por metade do preço, mas de uma corrida desenfreada para encher a despensa com bens alimentares e produtos de primeira necessidade. Continuem a brincar.
andré salgado
miguel cabrita
paula mascarenhas
correio.da.vida@gmail.com
vitor gaspar; schauble; conversa privada