O crescimento potencial do CDS, que vai sendo confirmado pelas intenções de voto, preocupa - e muito - o PSD. O ganho que a direita poderia obter com o reforço de dois partidos com votação significativa, paradoxalmente, aumenta (pela transferência de voto para o CDS) a probabilidade de uma derrota a 5 de Junho. É neste contexto de necessidade em ir ao quintal do CDS, que deve ser entendida a ideia de Passos Coelho em trazer para a agenda da campanha a revisão da despenalização da IVG.
Acontece que hoje a larga maioria da sociedade portuguesa, mesmo da que se situa à direita, encontra-se pacificada com o pacto social que foi alcançado e compreende mal a necessidade e a oportunidade de reabrir a frente de batalha. Mais, não só compreende mal como sabe ler-lhe a instrumentalização para caçar votos junto de uma franja ideológica do eleitorado.
Mas pode fazer-se muito pior. Embrulhar a perplexidade que a intenção causa à maioria dos portugueses e a radiografia de uma liderança frágil, sujeita a sucessivas convicções ao sabor do momento, com o papel pardo da cobardia política: nós não estamos a propôr um novo referendo, mas se houver cidadãos que queiram suscitar a questão...
andré salgado
miguel cabrita
paula mascarenhas
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vitor gaspar; schauble; conversa privada