Depois de umas eleições em que, no "país da asfixia democrática", a comunicação social teve o alinhamento (re)conhecido (dando seguimento, aliás, ao que já se vinha desenhando há muito tempo), o "novo ciclo" começa muito bem.
Pouco depois das 20h de domingo, Vieira da Silva teve cerca de dois minutos para fazer o primeiro discurso a assumir os resultados em nome do PS até sereducadamente silenciado pela súbita pressa do PSD em pôr Relvas à frente dos écrãs. Talvez numa sentida autocrítica ao comportamento do PSD até há poucos dias, Paula Teixeira da Cruz avisou entretanto que é tempo de parar com o espectáculo e de se falar pouco.
Agora, o Presidente da República processa um jornalista por este ter escrito que as suspeitas levantadas em torno de negócios em que Cavaco esteve envolvido nunca foram esclarecidas: "tal como Fátima Felgueiras e Isaltino Morais, Cavaco Silva acha que uma vitória eleitoral elimina todas as dúvidas sobre negócios que surgem nas campanhas".
Enquanto espero pelas reacções indignadas que este episódio lamentável vai decerto suscitar, aproveito para dizer que, sem subscrever necessariamente a comparação com Felgueiras e Isaltino, é impossível concordar com a ideia de que as suspeitas existentes foram afastadas. Não o foram, como é óbvio, por qualquer vitória eleitoral, e infelizmente não o foram por terem sido esclarecidas. Como deviam. Mas, independentemente disso, é um péssimo sintoma que em Portugal um jornalista seja processado (e pelo titular do mais alto cargo da democracia!) pelo atrevimento uma frase como esta.
andré salgado
miguel cabrita
paula mascarenhas
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vitor gaspar; schauble; conversa privada