Resolvidas ou não as "divergências" entre PSD e CDS que têm sido abundantemente noticiadas na comunicação social (de substância, orgânica e nomes), é bom não esquecer que o "programa político" que estará a ser ultimado tem de respeitar, pelo menos, dois pressupostos:
1. o texto do acordo internacional que psd e cds negociaram e subscreveram - e que preferiram ao famoso PEC4.
2. a razão em nome da qual este último foi chumbado; isto é, a posição intransigente de que não era aceitável pedir mais sacrifícios aos portugueses.
Se a razão invocada no ponto 2 era séria e não máscara para um ultimato-Marco António, chegado de Gaia ou de qualquer outro lugar (linkado por aqui porque pelo JN, pelo menos por agora, já não é possível), a conjugação destes dois pressupostos só pode resultar numa conclusão: o acordo com a troika numa interpretação cautelosa e responsável é o limite do programa do novo governo. Sobretudo porque o acordo já foi obtido em condições mais adversas que as do PEC4 (em larga medida devido à instabilidade política que a recusa deste causou) e porque já vai mais além, em diversos pontos, que o próprio PEC4, a seu tempo rejeitado no parlamento pela razão acima citada.
Assim, o programa do novo Governo tem toda a margem para incluir medidas que resultem da orientação consensualizada pelos dois partidos que agora se coligam. Mas há um limite e esse é claro: a margem e legitimidade para ir (ainda) além de uma aplicação do acordo com a troika que ultrapasse os sacrifícios que dele resultem como estritamente inevitáveis é nula. E será por isso, consequência e exclusiva responsabilidade das escolhas e acção dos novos protagonistas.
andré salgado
miguel cabrita
paula mascarenhas
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vitor gaspar; schauble; conversa privada