A página 9 do público de ontem (edição papel) tinha uma notícia curiosa, assinada pela jornalista Sofia Rodrigues, sob o título "BE cumpre a paridade, PSD é o que mais se aproxima". Segundo o texto, o PSD tem 30 mulheres em 108 deputados, "ou seja, 29%". Os problemas começam aqui. 30 em 108 são, pelo menos segundo as máquinas de calcular mais utilizadas, 27,7%. Não há arredondamento que resista.
Por outro lado, "no PS contam-se 19 mulheres em 55 homens". As deputadas socialistas não tiveram direito a cálculo de percentagem, mas cá estamos para ajudar: 34,5%, acima dos 33% em boa hora definidos por lei como mínimo para as listas. E, em qualquer caso, bem mais que os 27,7% do PSD.
Toamando os números da notícia como correctos, e sem saber se incluem ou não alterações nas bancadas por "chamada" ao governo ou outros motivos, não restam grandes dúvidas que uma ou várias coisas correram mal neste pequeno exercício de matemática para a igualdade. O PSD tem mais deputadas em números absolutos (porque também tem mais deputados), mas está longe de ser "o que mais se aproxima" da paridade, como o título sugere. Apesar de tudo, e mesmo descontando com um certo estado de graça do partido vencedor, os números ainda mostram que é o PS...
Na verdade, seria até um bom sinal que fosse o partido que venceu as eleições a liderar essa preocupação...mas não é. Nem no parlamento nem no Governo, que pela primeira vez em muitos anos retirou à igualdade uma pasta própria.
andré salgado
miguel cabrita
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