Não obstante o radioso naipe de especialistas contratados (Pedro Correia, João Gonçalves, António Figueira...), a antena de comunicação do governo tem-se revelado incapaz de compôr a evidente dissonância cognitiva entre a narrativa que foi prometida, o que vai sendo anunciado e o que os olhos do país vêem acontecer. A ponto de, e com apenas dez semanas de matrimónio, o parceiro de governação já não esconder o desconforto da noiva enganada; e das críticas mais incisivas ao rumo da governação estarem a crescer, de dia para dia, dentro do próprio partido do governo. E isto, repita-se, com apenas dez semanas de funções, o que se não é um recorde é no mínimo insólito.
Problemas de comunicação ou deficiência do produto?
Pelo que se tem visto - impreparação e improviso, rompimento com o discurso e as convicções pré-governação ( i.e., o contrato com os eleitores), sucessivos e mal explicados aumentos de impostos (perante uma já indisfarçada irritação de largo espectro no seu tecido de apoio político, dos sectores mais conservadores à doutrina liberal), ausência do primeiro-ministro nas comunicações difíceis ao país, deixando ministros tecnocratas entregues à sua sorte, a sensibilidade social de um elefante em loja de porcelanas, a inexistência de uma linha estratégica para o discurso europeu (não só do governo, mas entre os próprios membros do governo), a bomba-relógio em que ameaça tornar-se a guerra aberta pelos negócios das privatizações - e mesmo contando com uma comunicação social amorfa e que quase pede licença para incomodar, seria severo atribuir a responsabilidade maior da maladie ao esforço do dream team de Relvas.
andré salgado
miguel cabrita
paula mascarenhas
correio.da.vida@gmail.com
vitor gaspar; schauble; conversa privada